terça-feira, janeiro 01, 2008

Da inutilidade de ter um blogue

Sim! É que até prova em contrário este blogue não tem utilidade nenhuma. Pronto... Serve de escape para as minhas frustrações e calhando até vou ter um ou outro comentário agradável. Mas nunca vai sair daqui nenhuma obra literária nem nenhuma génese revolucionária. No máximo umas risotas, um ou outro momento explosivo e um olhar sobre este chão luso que pisamos.
Uma catarse espiritual visto que uma consulta de psicologia anda pela hora da morte.

Maria Vicente... A mãe Net

À meia-noite e 30 segundos Conceição Machado médica parteira da Maternidade Alfredo da Costa ajudava ao parto de Maria Vicente, naquele que viria a dar o 1º bébé do ano. Particularidade da mãe do nativo: 16 anos! Nada que envergonhe o país com uma das mais altas taxas de natalidade em adolescentes (creio que o 2º na Europa).
Começa pois bem o ano nas terras lusas. No fundo é o que aquele senhor que dizem que ganhou as últimas presidenciais e do qual me recuso a referir o nome bem como a aceitar o facto de ele ser efectivamente o "senhor do leme" dizia: "Porque é que nascem em Portugal tão poucas crianças?"
Pois bem caro senhor: quer mesmo que lhe faça lembrar todas e quaisquer razões que levam as pessoas a não querer ter filhos em Portugal? Lhe garanto que a última das responsabilidades nem sequer pode ser atribuida ao preservativo pois este triste país tem um dos menores índices de utilização de camisinhas da Europa e para muito macho latino usar preservativo é para maricas! Que tal começar pelo facto de termos o menor salário mínimo da Europa a 15 (antes da entrada da catrefada de países chamados de leste)? E consequentemente o menor salário médio (em Portugal o salário anda na casa dos 700 euros enquanto em Espanha por exemplo anda na ordem dos 1400)?
Não sei se há grande solução. Grandes países têm grandes governantes, estadistas que têm uma ideia para o país. Mas uma ideia pressupõe uma complexidade implícita. Não é dizer que vamos todos ter Net em casa e que a partir daí deixamos de ser um país do 3º mundo. Ou se calhar até é... Pera lá que eu vou ver se o meu salário aumentou, se os cuidados de saúde de que preciso deixaram de estar dependentes de um credencial que demora um ano até resultar em consulta, se o meu acesso à justiça é rápido e eficaz, se um livro de estudo custa menos de 25€, tudo isto depois de eu ter Net em casa...
Estive aqui a pensar e tenho internet desde 2000. Desde lá ganho menos 50€, na altura estive 9 meses à espera de uma consulta de oftalmologia e agora estive 13 meses e um processo no tribunal de trabalho demorou 2 meses e agora 5.
Isto está mesmo a progredir... Pera lá que vou ali pedir já uma credencial para daqui a 2 anos quando necessitar. E a continuar assim o meu salário vai ainda ser mais baixo e vou deixar de ter Net em casa. Bem vou ali ver umas páginas porno enquanto posso... Sim porque se calhar estão a pensar que todos os portugueses com Net em casa estão neste momento a consultar a Wikipedia ou a página da National Geographic não?

De volta num país sem volta a dar

Costuma-se dizer Ano Novo, Vida Nova.
Não acredito muito em adágios populares mas que este blogue estava morto é um facto.
Tão morto mas tão morto que foi um caso sério para conseguir reaver chaves e códigos de acesso.
Mas o que vou eu aqui fazer, ou escrever?
Digamos que pessoalmente o ano não me correu mal, duvido que o próximo me corra tão bem, mas a nível do pedaço de território que me rodeia e a que determinada altura alguém decidiu chamar de Portugal isto meus caros e caras...
Diz-se que começou com um filho à porrada à mãe mas como se pode ler no livro de Djanira Couto já muito antes de Henrique que existia por cá gente conformada e desorganizada.
De lá para cá pouco mudou. Hoje estamos conformados com a desorganização em que se encontra o país. E se na altura éramos governados por um complexado de Electra (até nisso éramos "sui generis" pois quem normalmente bate nas mães são as filhas e não os varões) hoje somos governados por um senhor que ainda acredita, mas mesmo muito, que é engenheiro. Ele até inaugura obras públicas com lápides a dizer Eng.
"Para um país mais pobre, para um país mais justo..." Quem se pode esquecer deste famoso deslize do Zé.
No fundo é tudo isto e provavelmente o agravar da situação que nos espera em 2008.