segunda-feira, abril 01, 2013

Como ir de Hitler a Sócrates num segundo

O QUE A SENHORA DISSE

Portanto ela indignada pelo cartaz com a foto do Furra (e muito bem) mas já o conteúdo escrito alusivo à benevolência da Alemanha tão querida com Portugal que em troca de ajuda até deixa uns emigrantes entrarem, nada a assinalar. Depois tanto se sente indignada com o esquecimento e com o sistema de ensino que permitiu dar à luz aquele cartaz (e quem sabe pisca um olho ao antigo sistema de ensino) como critica os vários tipos de reforma na Educação que se fizeram depois do 25 de Abril. Reparem que o pré-Abril está na boca dela com uma certa referência (ou reverência) o que não deixa de ser interessante...

Na verdade, não sabemos se é de ignorância que se trata ou de convicções ideológicas. Mas inclino-me mais para a primeira hipótese:

Eu também me inclino. Acho que a senhora é ignorante.

 (...)no estado da educação em Portugal consequência das inúmeras e sempre mais “inovadoras” reformas do sistema educativo desde o 25 de Abril, do baixo nível de cultura geral de grande parte dos professores – com honrosas e importantes excepções –, da subalternização durante décadas das disciplinas de Ciências Humanas, em nome da “eficácia” e do “sucesso” das carreiras profissionais, a ignorância é certamente a hipótese mais plausível – mas totalmente inadmissível.

E assim duma pazada vai uma nação inteira de professores pós 25 de Abril toda no mesmo saco.

Só que, na realidade, esta ignorância ou ainda mais provavelmente esta indiferença é apenas o reflexo de algo muito mais profundo, muito mais atávico em Portugal e que não data nem de hoje nem do 25 de Abril.

E ela a dar-lhe com o 25 de Abril. Será no fundo uma camarada?

É aquilo que nós gostamos de chamar “tolerância” e que mais não é, na maior parte das vezes, indiferença, falta de princípios, desprezo pelas ideias e pelas convicções. Em nome de uma liberdade de expressão, tão instrumentalizada quanto pervertida, não se entende que sem ética nem moral esta não passa de um relativismo esvaziado de sentido.

Ela está a falar do cartaz ou isto encaixa perfeitamente no que Israel  tenta vender ao Mundo sobre o tratamento aos Palestinos?

É este encolher de ombros que levou o historiador Ian Kershaw a escrever que “a estrada de Auschwitz foi construída pelo ódio, mas o seu pavimento foi a indiferença”.

E já cá faltava o tão famoso Reductio ad Hitlerum !
Mas como se a coisa já não tivesse descambado o suficiente eis que o Sócrates é metido ao barulho com uma pinta doida!

Exagero? Talvez, mas é com este encolher de ombros, em nome do “contraditório” (?!), do “Estado de direito e democrático” ou citando de peito cheio a famosa frase “Não concordo com o que diz, mas defenderei até à morte o seu direito de o dizer” que se defende a contratação do engenheiro Sócrates pela televisão pública portuguesa...

E vejam como numa crónica de uma judia (agora digam lá que é intolerância religiosa se a senhora na qualidade de judia foi convidada em 2007 para a Comissão de Liberdade Religiosa) sobre um cartaz com o Hitler vai descambar em José Sócrates com mais velocidade que um bólide de fórmula 1.
Não há dúvida. O homem até no reino do judaísmo não é visto com bons olhos. Agora fiquei na dúvida se de facto isto é cadastro ou currículo... Humm?!

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