sexta-feira, março 24, 2006

E lá fui eu, armado em pavão (ou em parvo) dizer de minha justiça. Foi no Aspirina B mas penso que quem por aqui começa a vir também deve ler um pequeno desabafo que me escorreu da alma.

Aqui fica a versão corrigida. Sim! Como me empolguei, só depois de publicado é que vi alguns pequenos erros gramaticais. É verdade. Até tu Brutus!

"Portugal

Muito se tem dito. Muito se tem escrito. O problema não é do país geográfico mas do povinho que nele habita. Somos e seremos sempre um povo com inveja da galinha da vizinha. Somos e seremos sempre um povo auto-flagelista. Tinhamos uma identidade como nação. Era isso que nos distinguia de Espanha. É por isso que ainda hoje somos a ÚNICA nação independente da Península Ibérica. Mas hoje em dia isso é cada vez menos importante. As pessoas já não se revêem em certos valores.
Se há 30 anos perguntassem num estudo de opinião se queríamos pertencer a Espanha a resposta seria maioritariamente NÃO. Hoje as coisas já não são bem assim. Um estudo desses seria até polémico. Duvido seriamente que a resposta - NÃO - fosse maioritariamente dada. Gostamos como colectivo (e falo só a nível de sociedade) cada vez menos de nós. Estamos a ficar cada vez menos incomodados com quem é o dono da nossa Economia desde que isso dê bons salários no final do mês. Há muito poucos factores de coesão nacional. Há o Benfica e pouco mais, tal como em Espanha, onde conheço adeptos fevorosos da independência da Galiza, mas que são ainda mais fanáticos pelo Real Madrid. Por lá se fez uma Regionalização para que não se dividisse o território em outras nações cá, vai agora o Ministro Mor dividir artificialmente em 5 regiões o território nacional. Lá dividiu-se para reinar. Cá vai-se dividir par reinar (sin. brincar).
Somos o país que somos. Somos pobres de espírito e cada vez mais ansiamos ver tudo isto a arder, aliás como já vai sendo notícia por esse mundo fora todos os verões.
Os espanhóis apoderam-se de Viriato. É óbvio que sim. E não é de espantar que o único museu do mundo sobre a Lusitania se encontre em território espanhol. Tal como no filme A Missão e Cristovão Colombo, os espanhóis asseguram-se que os consultores históricos desses filmes sejam espanhóis.
Por cá vamos dizendo mal uns dos outros e olhando para o umbigo, num país que vê a cada ano que passa perder a sua massa cinzenta para centros de estudo em universidades de outros países. em 10 anos perdemos quase 60 mil portugueses que decidiram tal como eu me preparo para fazer, ir trabalhar para o estrangeiro. Em Portugal o ordenado mínimo é cerca de (e falando ainda em contos) 78 contos e aqui ao lado é cerca de 100. Mas dirão: "O salário mínimo pouca gente o ganha!" OK! Vamos então falar no salário médio. Em Portugal é 135 contos em Espanha é 280. Mais do dobro.
Em Portugal há duas universidades o Instituto Superior Técnico e a Universidade de Aveiro que têm cursos de Tecnologias de Informática e de Telecomunicações e talvez também a Faculdade de Engenharia do Porto, em Espanha em 20 anos passaram de 3 para 21 universidades focadas nas novas tecnologias. Não temos uma visão para o nosso país. Somos um país vendado e vendível.
Precisávamos de políticos novos com uma nova ideia para o país. Mas infelizmente tenho conhecimentos em juventudes partidárias e é só mais do mesmo. Tirando alguns da JSD, JS e jovens do Bloco é impressionante ver como todo aquele politiquês criado desde há vários anos vem ao de cima. Não vamos ser ninguém como nação. Já somos o 18º pais da União Europeia. Já só faltam 7 para voltarmos a ser o cu da Europa. Aqui pelo burgo ninguém se importa com isso. Deixou-se de lutar. Deixou-se de acreditar.
O 25 de Abril foi uma revolução que ficou por fazer. Não correu sangue nem correram com os sanguinários. Há por aí ex-PIDEs com reformas do Estado. Haverá sempre em Portugal o que os nossos gémeos sul americanos costumam dizer: "O geitinho brasileiro." Este cancro do Nacional-Porreirismo, do Nacional-Pato-Bravismo, do Nacional-Religiosismo e outros tantos "Ismos" minou por completo as bases mais profundas do país.
Interessa então que os espanhóis se apoderem de Viriato? É claro que sim! Se tomarmos conta da história de um povo apagamos da memória colectiva a sua paternidade. É por isso que hoje imbecilmente muitos dos nossos jovens nem sabem o que foi o Holocausto e acham piada a nacionalismos bacocos como o de pendurar bandeiras por essas varandas fora. Isso não é Portugal!
Portugal vai-se esfumando a pouco e pouco. Se calhar é esse o nosso destino. Poderemos ser a 1ª região da Europa a diluir-se completamente e daqui a uns 100 anos poderemos muito bem ter como único factor de coesão o facto de continuarmos a dizer mal de nós próprios. Porque é isso que nós todos por aqui fazemos um pouco.
Grandes países nascem da ideia de grandes homens. Os nossos grandes homens por cá desde que os tratem por Doutor já conseguiram tudo o queriam na vida. Somos um país de ignorantes a chamar Doutor uns aos outros. Qualquer 2 réis de gente com um canudo na mão e uma cunha na vida, vai muito longe pisando seja quem for. Porque é disso que Portugal vive: do culto da aparência. Não interessa o que és. Apenas o que tens.
É pena que sejamos assim. Mas são muitos séculos de erros históricos. E o último século com o Salazarismo flamejante só piorou o estado deste Estado. Está nas raízes de muitos que nos rodeiam. Ficámos a olhar para o Império perdido e perdemo-nos de nós próprios.
Eu não queria que fôssemos a Suécia do Sul da Europa. Mas tinhamos de nos tornar numa nova Albânia?

Um bem haja para todos vós."

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