terça-feira, março 27, 2012

Uma doença com um micróbio perfeitamente identificado


"A adesão à greve geral de quinta-feira passada foi "a mais baixa de sempre em qualquer greve declarada pela CGTP""

Uma pessoa lê e depois fica-se com a sensação de que quando alguém não pode ir mais baixo, de descer a um nível tão rasteiro, desata a chafurdar no charco em que se deitou até lançar lama para todo o lado para dizer que afinal está tudo sujo.
Confesso que me falta até o mais negro dos humores para classificar este projecto de homem mal acabado.
Se há gente tipo o Bicho da Madeira que reina em terra de bananas, ou o Presidente que mal sobrevive com a pensão de miséria, ou o Autarca que tem prisão marcada mas que nunca mais vai lá ocupar a cela, ou mesmo o "estudante" com vida de luxo em Paris, que me provocam náuseas instantâneas este não lhes fica mesmo nada atrás.
Mas este coiso é outra estirpe. É algo que se faz parecer numa coisa que no fundo odeia: a liberdade sindical.
O micróbio patogénico em que se transformou este ser rastejante é duma canalhice a toda a força. Porque se facilmente se encontram os verdadeiros obreiros da política austeritária que enterra o país, quer no governo quer nos partidos que o compõem, quer nas organizações patronais, este ser é muito mais dissimulado, porque quando se olha para um dirigente sindical de ""esquerda""(?!?) espera-se tudo dele menos que numa altura fulcral de luta sindical e do futuro do país se coloque de cócoras perante os poderes instituídos que destroem a nação. É tão inclassificável o que este objecto para-humano faz que a cada dia que passa se encontra dificuldade em descobrir algo que rasteje tão mais baixo que ele no mundo bacteriano.
A CGTP representa 71% dos trabalhadores sindicalizados, 6% são sindicatos independentes e apenas 23% pertencem à UGT. Nunca uma greve geral convocada pela UGT terá mais adesão do que uma da CGTP. É matemática simples. Mas entender estes números deve ser pedir muito àquela coisa que se arrasta perante os interesses instalados do capital e que se gaba de ter assinado o acordo de concertação social mais lacaio e que retira aos trabalhadores portugueses o maior número de direitos e regalias depois do 25 de Abril.
É este tipo de micróbio altamente patogénico que infelizmente se está a instalar na esquerda em Portugal. Eles dizem-se de esquerda apenas para se poderem movimentar e minar toda uma luta e construção de credibilidade que é feita há 38 anos.
É preciso amputar estes tentáculos dissimulados de sindicalistas que minam e destroem o que infelizmente dificilmente se organiza que é toda uma esquerda que em Portugal teimosamente continua a viver de costas uns para os outros. Estas bactérias ou são destruídas de vez ou então esta direita vai ficar no poder por muito tempo. Têm de haver antibióticos que extirpem de vez com estes dirigentes sindicais assim como devolver uma nova liderança ao PS que entenda que tem de convergir à esquerda senão corre o risco de se tornar no PASOK português. Mas infelizmente ainda que sem eles não se pode construir uma alternativa à esquerda porque para lá, está tudo demasiado dividido como se viu na última Greve Geral de 22 de Março.
Ou a Esquerda Portuguesa acorda ou esta doença que a mina vai durar anos a extinguir e poderá torná-la residual. Num cenário em que as esquerdas se unem e sobem em votação quer na Grécia, Espanha e agora França e Itália estão todos à espera de quê?

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